domingo, 11 de novembro de 2007

Desemprego no Brasil em 2006 foi o menor em dez anos

14/09/2007

A taxa média de desemprego no Brasil em 2006 foi a menor dos últimos dez anos, e o rendimento dos trabalhadores alcançou seu maior nível desde 1996, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada pelo IBGE e divulgada hoje pelo Governo.

A taxa média de desemprego no Brasil ficou em 8,5% da população economicamente ativa no ano passado, abaixo dos 9,4% de 2005. Este é o menor índice desde 1997 (7,8%). O total de brasileiros sem trabalho caiu de 8,953 milhões, em 2005, para 8,210 milhões no ano passado.

A renda média dos trabalhadores, por sua vez, aumentou 7,2% entre 2005 e 2006, chegando a R$ 883, maior valor médio desde 1996, quando era de R$ 975 (valor atualizado). O crescimento da renda no ano passado superou o de 2005, quando aumentou 4,6% e foi o maior desde 1995.

Para o Pnad, foram entrevistadas no ano passado 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios de todo o país. O estudo refletiu as melhorias no emprego e na renda dos brasileiros, assim como as grandes desigualdades que ainda persistem no país.

Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, a pesquisa mostrou que a distribuição de renda continua sendo o grande desafio do Brasil.

De acordo com os dados do estudo, o chamado Índice de Gini (utilizado pela ONU para medir a desigualdade na renda - quanto mais próximo de 1, mais desigual é o país) vem caindo muito lentamente: de 0,535 em 2004 para 0,532 em 2005, e 0,528 em 2006.

Segundo Nunes, "apesar de os indicadores de distribuição de renda serem mais favoráveis a cada ano, a velocidade de queda é muito pequena diante da desigualdade existente no país". "Continuamos com um cenário de alta concentração da renda e de diferenças regionais significativas", explicou.

Enquanto no ano passado 12,7% dos domicílios do Brasil tinham como rendimento um salário mínimo, essa percentagem chegava a 25,3% entre as famílias da região Nordeste. À época, menos de 3% dos domicílios contavam com um rendimento mensal superior a vinte salários mínimos.

Apesar do número de pessoas com trabalho formal ter aumentado nos últimos anos, um total de 43,3 milhões de trabalhadores brasileiros (51,2% do total) trabalhava informalmente em 2006, sem qualquer garantia trabalhista.

Mesmo com a redução do desemprego, o número de novos postos de trabalho gerados pelo Brasil em 2006 chegou a 2,129 milhões, abaixo dos 2,493 milhões de 2005. Em porcentagens, o número de novos empregos aumentou 2,4% em 2006, quando 89,3 milhões de brasileiros estavam empregados, frente aos 3,1% em 2005.

A percentagem de pessoas empregadas em relação à população com mais de 10 anos subiu de 57% para 57,2% entre um ano e outro.

O desemprego não caiu com mais força no ano passado porque a agropecuária - setor da economia responsável por grande parte das crescentes exportações do país - reduziu em 3,1% sua força de trabalho em 2005.

O setor, com 17,2 milhões de empregados, cortou 569 mil postos de trabalho no ano passado, dos quais 447 mil na região Nordeste. O estudo também mostrou que a participação dos trabalhadores com mais de 39 anos na população empregada aumentou 1,1%, chegando a 40,1% do total.

A percentagem de trabalhadores entre 50 e 59 anos empregados saltou de 12,2%, em 2005, para 12,7% em 2006. O IBGE atribuiu este aumento à necessidade das famílias de elevar seus rendimentos devido a problemas financeiros, às novas regras de aposentadoria e ao fato de que a população brasileira está envelhecendo.