domingo, 11 de novembro de 2007

Mecanização e agricultura familiar provocam desemprego

Publicado em 15.09.2007

O fechamento de 569 mil postos de trabalho na agricultura em 2006 é reflexo do aumento da produtividade do setor, mas revela a incapacidade das pequenas propriedades familiares gerarem renda. A afirmação foi feita pelo presidente da Comissão Nacional de Relações do Trabalho da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodolfo Tavares, ao comentar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

De acordo com a pesquisa, divulgada sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de pessoas que trabalham na agricultura caiu 3,1% de 2005 para 2006. Em números absolutos, o nível de emprego no setor passou de 17,832 milhões para 17,263 milhões menos até que o registrado em 2004.

Tavares disse que os números não foram surpresa para a CNA. Segundo ele, a safra recorde de 131,4 milhões de toneladas registrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que a queda no emprego não afetou a agricultura comercial Muito pelo contrário, a pesquisa mostrou que o país está conseguindo produzir mais com menos trabalhadores, ressaltou.

Para a agricultura familiar, no entanto, Tavares traça um cenário oposto, que provoca a queda do emprego e da renda. Muitas pequenas propriedades não conseguem produzir por mês nem o equivalente ao salário mínimo. Por isso, muitas dessas pessoas desaparecem das estatísticas.

O especialista ressaltou que o fato de o Nordeste ter sido responsável por 78% das demissões do setor no ano passado reforça a explicação. Quem deixa de trabalhar na agricultura, geralmente vai para as cidades na esperança de conseguir um pouco mais de renda.

Ele também destacou que a maioria das vagas fechadas era de trabalhadores não-remunerados, 458 mil dos 568 mil postos extintos em 2006. Tavares acrescentou que a queda no nível de emprego na agricultura só não foi mais intensa devido s políticas sociais do governo. Os programas de assistência social e principalmente da aposentadoria rural [equivalente a um salário mínimo] ajudam a segurar a população no campo, argumentou.

Durante uma solenidade em São Paulo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que a queda no emprego na agricultura foi compensada pelo desempenho em outros setores da economia. O desemprego está no nível mais baixo dos últimos anos e as indústrias e o comércio ajudaram a absorver parte desse contingente, declarou.

De acordo com a Pnad, o comércio registrou abertura de 245 mil vagas em 2006 e a indústria, 223 mil. O setor que apresentou maior crescimento no nível de emprego, no entanto, foi o de educação, com 357 mil novos postos de trabalho.