domingo, 11 de novembro de 2007

O Grito dos Excluídos no Dia da Independência

05 de setembro de 2007

O Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos paralelamente aos desfiles militares no Dia 7 de Setembro será "um contraponto" ao Grito da Independência. Estão previstas manifestações em 1,4 mil municípios do país e, em Natal, o vereador Osório Jácome é um dos principais articuladores.

Na sua opinião "será um dia para refletir sobre a soberania nacional, que é o eixo central das mobilizações. O Grito se propõe a superar um patriotismo passivo em vista de uma cidadania ativa e de participação, colaborando na construção de uma nova sociedade, justa, solidária, plural e fraterna. Foi concebido para ser uma construção coletiva de igrejas, movimentos populares, sociais e sindical, entre outros. O movimento estimula o protagonismo dos Excluídos, pois acontece de uma forma que os próprios excluídos assumem a direção dos trabalhos em todas as fases", disse Osório Jácome.

A iniciativa está sendo organizada por diversas entidades, como o Movimento Evangélico Progressista, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Central Única dos Trabalhadores (CUT). O lema dos protestos é "Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação". Uma das bandeiras dos manifestantes é a campanha contra a privatização da Vale do Rio Doce.

No sábado passado, igrejas evangélicas da zona oeste de Natal se reúnem às 15:00h para debater sua participação na mobilização deste ano. Já o setor social da Arquidiocese de Natal promoveu seminário para debater com lideranças ligadas às pastorais e movimentos eclesiásticos os assuntos levantados na pauta de mobilizações. Na próxima quinta-feira (06), às 18h, por proposição do Vereador Osório Jácome, será realizada uma audiência pública na Câmara Municipal de Natal para debater as pautas do Grito deste ano.

O primeiro Grito foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade daquele ano, que tinha como lema: "Eras tu, Senhor", e para responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira: "Brasil, alternativas e protagonistas". Em 1999, o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas. Hoje a movimentação conta com intenso apoio de igrejas evangélicas e movimentos sociais.

Exclusão no Brasil
O quadro de desigualdades é dramático, já visível pelas ruas e vielas do país há muitos anos. Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano (2002), 16,51% da população urbana vivia com renda per capita abaixo da linha da indigência. O quadro de desemprego, segundo o IBGE, a taxa de desemprego é de 10,7%, sendo que 39,3% destes desempregados têm entre 18 a 24 anos. Mais de 34% da população economicamente ativa vive do trabalho informal. De duas pessoas desempregadas, uma tem menos de 25 anos. Mais de 8 milhões de desempregados. Em 1980, a renda do trabalho era 50% do PIB. Agora representa 36%. 4 milhões de famílias vivem sem remuneração (350 mil famílias na cidade de São Paulo). De três novos postos de trabalho abertos, dois estão na faixa de 1 a 1,5 salário-mínimo.

Exclusão em Educação
"Um milhão de crianças de 10 a 14 anos trabalham; o desafio está, porém, no índice ainda alto de analfabetos funcionais, aqueles com idade acima de 15 anos e que têm menos de três anos de estudos, representam 31,2% da população. Pesquisa do IBGE mostra ainda que o brasileiro permanece menos tempo que o necessário nas escolas. Enquanto que o mínimo exigido na educação básica é de 11 anos, o estudante só fica, em média, de 4 a 7 anos."